Hipodermóclise: técnica subcutânea é aliada de cuidados prolongados

hipodermóclise

Inserir um cateter venoso em pacientes com câncer, cuidados prolongados ou idosos pode se tornar difícil, pois com o longo tempo de internação também ocorre a dificuldade de acesso vascular – e é assim que a técnica de hipodermóclise se torna uma via alternativa, simples e segura na assistência à saúde.

O que é Hipodermóclise?

Jovens especialistas podem estranhar, mas essa técnica antiga tem o objetivo de fazer a infusão de fluidos e medicamentos pela via subcutânea. Apesar de simples, é pouco conhecida pelos profissionais e por isso pouco utilizada. Por outro lado, não é difícil de implementar; é preciso obter o conhecimento do processo, saber o que pode infundir e os cuidados necessários para o manuseio e a aplicação de fluídos e medicamentos.

Ao longo dos séculos, a hipodermóclise foi utilizada e deixou de ser, devido a dificuldade que se tinha em realizar a prática corretamente. O primeiro registro de utilização foi durante a epidemia de cólera na Europa, em 1827, na qual não se sabia como tratar pessoas com desidratação. Uma das formas encontradas foi o uso dessa técnica, mas que logo depois foi abandonada – por uso inadequado. Foi só no começo da década de 1960 que ela passou a ser utilizada no Brasil.

Wilson Pascoalino Camargo de Oliveira, enfermeiro chefe da área semi-intensiva adulto e infantil do Hospital Auxiliar de Suzano, explica que as pessoas que precisam ficar hospitalizadas podem ter mais dificuldades de acesso vascular, entre outras necessidades específicas – e o Hospital de Suzano é justamente para estes pacientes, especializado em cuidados prolongados.

“Para pacientes que não conseguem ingerir líquidos e ficam muito tempo internado, a terapia intravenosa é necessária, porém se torna difícil a medida que a internação se prolonga, nesse caso, uma opção eficaz é a infusão de medicamentos e soluções no tecido subcutâneo.

Como fazer Hipodermóclise? 

A técnica é bem simples: consiste na introdução de um cateter em uma área entre a pele e o músculo. Por essa via pode ser infundido soro, alguns anti-inflamatórios, antibióticos, entre outros. Assim, conhecer a técnica de hipodermóclise é importante e se faz necessário”, explica Oliveira.

Novo curso de Hipodermóclise

Interessados agora contam com um novo curso de Hipodermóclise, totalmente atualizado. São 4 horas de conteúdo de qualidade, totalmente EAD,  para cuidadores, familiares e equipe de Enfermagem. Confira a programação contempla: 

  • Uso, indicações e contra-indicações
  • Farmacologia aplicada ao uso da hipodermóclise
  • Hipodermóclise em pacientes geriátricos
  • Hipodermóclise em pacientes oncológicos
  • Educação de pacientes em uso de hipodermóclise

Habilitação em Hipodermóclise

Com a missão de habilitar enfermeiros, técnicos, graduandos e estudantes de enfermagem, além de profissionais médicos e graduandos em Medicina, o HCX oferece a Habilitação em hipodermóclise.

Ele apresenta noções básicas e atualização de conhecimento teórico, assim como práticas necessárias para a técnica de inserção, manutenção, manipulação e retirada do cateter na via subcutânea. A técnica pode ser utilizada em qualquer ambiente de cuidado: home care, ambiente hospitalar, clínica ou atenção básica.

“Quem participar do curso aprenderá, por exemplo, volumes a serem infundidos (que podem chegar até 3 litros de soro em 24 horas, pois o gotejamento é lento); vantagens e desvantagens do procedimento, interações medicamentosas, cuidados na punção e manutenção do cateter e período que ele pode permanecer”, comenta Wilson.

Além disso, para ele, o método é um grande aliado para diminuir o custo de acesso venoso à instituição de saúde e gera menos incômodos ao paciente. Em uma punção comum, é possível deixar o medicamento por até 96 horas; já na hipodermóclise, até 21 dias. Ou seja, se um paciente precisa tomar um antibiótico de 14 dias, por exemplo, por uma punção é possível manter todo o tratamento. “Outro benefício da técnica é contribuir com a desospitalização – pois ela pode ser feita no ambiente domiciliar, ajudando no programa ‘Melhor em Casa’, equipes multidisciplinar de assistência domiciliar (EMAD), de estratégia da família (ESF) e na saúde suplementar nos programas de home care e internação domiciliar ou em instituições de longa permanência para idosos (ILPI) ”, completa.

A punção é regulamentada pelo Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo – Coren, e qualquer profissional de enfermagem e medicina treinado pelo curso de hipodermóclise pode aplicá-la e manuseá-la. Trata-se de uma forma de aprender uma técnica antiga, mas eficaz, para o suporte clínico de quem precisa repor fluídos e infusão de medicamentos sem condições de acesso vascular.