Estudos sobre mindfulness levam a descobertas sobre a meditação

Meditação e Mindfulness

Pessoas que enfrentaram doenças mentais graves ou que, por hábito, usam a meditação mindfulness dizem estar convencidas de que a prática melhora suas vidas, conforme reportagem da Knowable Magazine.

Mindfulness é um tipo de meditação que busca manter a mente no momento presente, e tem se tornado popular para aliviar o estresse diário.

O texto relata a história do veterano da marinha, Stephen Islas, que nunca se libertou de seu Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT), adquirido durante a guerra do Vietnã. No campus da faculdade em Los Angeles, um amigo sugeriu que ele fizesse uma aula de meditação. Apesar de ser cético, Stephen conta que “houve momentos que começaram a mudar, onde eu estava feliz. Eu experimentaria esses vislumbres de calma”.

De acordo com a publicação, ainda não está claro o que a meditação mindfulness faz ao cérebro humano, como ela influencia a saúde e até que ponto ajuda as pessoas que sofrem com os desafios físicos e mentais. “A meditação tem sido praticada há milhares de anos, mas psicólogos e neurocientistas a estudaram por apenas algumas décadas”, diz o texto.

Efeitos da meditação no cérebro

Alguns estudos propõem que a meditação ajuda as pessoas a relaxar, gerenciar o estresse crônico e, até mesmo, reduzir a dependência de medicamentos para a dor. Ainda faltam evidências científicas, mas terapias baseadas em mindfulness mostraram “uma mistura de apenas moderada, baixa ou nenhuma eficácia, dependendo do distúrbio a ser tratado”, escrevem os pesquisadores, que citam uma meta-análise de 2014 encomendada pela Agência de Pesquisa e Qualidade de Saúde dos Estados Unidos.

Ainda, neurocientistas estudaram os efeitos físicos da meditação mindfulness usando imagens de ressonância magnética funcional (fMRI) e outras técnicas nas últimas duas décadas. O progresso tem seguido o crescente reconhecimento de que o cérebro humano é capaz de mudanças físicas ao longo da idade adulta, até mesmo na velhice – formando novas conexões e novos neurônios em crescimento quando alguém aprende uma outra habilidade. A visão emergente de um cérebro que pode ser moldado continuamente através da experiência, apelidada de neuroplasticidade, substituiu a ideia antiga de que, após as primeiras décadas de vida, a trajetória fisiológica do cérebro era basicamente de declínio.

Mindfulness e meditação

Cientistas descobriram que a meditação mindfulness ativa uma rede de regiões do cérebro que inclui a ínsula (associada à compaixão, empatia e autoconsciência), o putâmen (aprendizagem) e porções do córtex cingulado anterior (regulação do sangue), além de interferir em pressão, frequência cardíaca e outras funções autonômicas, e no córtex pré-frontal (o centro das habilidades de raciocínio de alto nível, como planejamento, tomada de decisão e moderação do comportamento social).

De acordo com o psicólogo clínico da Universidade de Michigan, Anthony King, a ideia de que a meditação mindfulness envolve partes do cérebro envolvidas na regulação do estresse de cima para baixo é amplamente aceita entre os pesquisadores. Agora, o que está acontecendo em relação à amígdala é menos claro, conclui ele.

A amígdala, uma das partes mais primitivas do cérebro, não é apenas um simples centro de alarme associado à resposta a ameaças. É fundamental para o que é chamado de rede de saliência, que é vital para perceber todos os tipos de coisas importantes no ambiente de alguém. Em uma mãe, por exemplo, a amígdala pode se tornar muito ativa em resposta ao rosto alegre de seu bebê.

King e seus colegas mostraram resultados promissores em 23 veteranos de guerra com TEPT, em 2016, em depressão e ansiedade. As varreduras cerebrais antes e depois da terapia de grupo baseada em mindfulness revelaram aumento na conectividade em estado de repouso entre uma rede no cérebro que permite às pessoas controlarem sua atenção e outras partes do cérebro envolvidas na ruminação e no pensamento espontâneo. Essa conectividade particular foi vista em pessoas saudáveis, assim como em pessoas que meditaram por longos períodos, diz King.

Estudos estão longe de serem conclusivo; no entanto, a meditação mindfulness pode aliviar os sintomas do transtorno de ansiedade geral, aumentando a conectividade entre a amígdala e o córtex pré-frontal, o que eleva a capacidade do paciente de regular as emoções. A meditação também pode diminuir a percepção da dor, reduzindo a ativação relacionada à dor do córtex somatossensorial e acrescentar a ativação de áreas envolvidas na regulação cognitiva da dor.

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