Enfermagem na UTI: desafio que exige dedicação

enfermagem em UTI

Atualização de conhecimento, cuidados precisos, responsabilidade, dedicação. Profissionais da enfermagem que escolhem atuar em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) gostam de grandes desafios e adotam essas palavras como ferramentas diárias.

Cuidar de pessoas em estado grave exige muita dedicação, que precisa estar associada a conhecimentos que favoreçam um desempenho com qualidade. Assim, a qualificação por meio de uma especialização contribui muito para o profissional desenvolver suas habilidades. 

A enfermagem em Terapia Intensiva exige do técnico da especialidade, dentro de suas competências, o desenvolvimento de atividades fundamentadas em conhecimentos específicos e nos novos protocolos para o tratamento dos pacientes graves. O profissional precisa saber identificar o momento em que o paciente apresenta instabilidade hemodinâmica, para atuar em equipe numa Ressuscitação Cardiopulmonar (RCP), identificar e acompanhar o avanço tecnológico.

“Além disso, é importante saber assistir os pacientes de forma humanizada, com conhecimentos estruturados no ‘fazer enfermagem’, que é o cuidado pautado nos saberes da prática assistencial, vinculado ao saber manusear e interpretar dados vitais fornecidos pelos equipamentos que ajudam a resgatar a saúde do paciente grave”, explica a enfermeira e especialista Eliana Porfirio, docente dos cursos técnicos e de especialização no HCX, e que soma 20 anos de experiência em Unidade de Terapia Intensiva no Hospital das Clínicas da FMUSP.

Qual o papel da Enfermagem em UTI?

Para a enfermeira Eliana, a UTI é um ambiente onde o paciente, para se recuperar, é envolvido por uma equipe multiprofissional com a ajuda de uma tecnologia de ponta específica – o técnico em enfermagem que compõe esse time precisa ter um diferencial que é ser especialista, e completa: “Ser técnico em enfermagem especialista em UTI é ter o título amparado pelo COFEN – Conselho Federal de Enfermagem”.

O técnico em enfermagem especialista em UTI exerce inúmeras atividades, como cuidados de enfermagem antes, durante e após os exames de imagem, métodos gráficos, coleta de material biológico para análises clínicas, cuidados aos pacientes pós-transplantados e nos procedimentos da Terapia Renal Substitutiva.

“Além disso, conforme suas competências, o profissional presta cuidados de enfermagem ao paciente com suporte ventilatório invasivo e não-invasivo, identifica o mecanismo de ação, principais efeitos colaterais no preparo e administração dos medicamentos exclusivos para o tratamento do paciente grave; realiza também a coleta dos dados para o balanço hídrico, atua junto ao enfermeiro e médicos nas intercorrências apresentadas pelo paciente, como arritmias e ressuscitação cardiopulmonar, e participa de procedimentos invasivos à beira-leito, como passagem de cateteres e traqueostomia”, explica a enfermeira.

Vale ressaltar que cabe, ainda, ao técnico em enfermagem assistir o enfermeiro no planejamento das atividades da assistência, no cuidado ao paciente grave, preservando a segurança do paciente.

Técnico de enfermagem em UTI 

“O técnico em enfermagem é preparado para exercer suas funções, junto à equipe multiprofissional na prevenção e controle da infecção relacionada à assistência e saúde em Unidade de Terapia Intensiva, aplicando as medidas de isolamento e precauções no atendimento aos pacientes”, explica a especialista.

Nesse momento de pandemia da Covid-19, com inúmeras incertezas em relação ao tratamento e cura, a presença do técnico em enfermagem especialista em UTI é fundamental. A enfermeira Eliana explica que o especialista participa das intervenções que vão barrar cada elo da cadeia de transmissão da doença, pois é um profissional preparado a identificar sinais e sintomas relacionados à gravidade, oferecendo cuidados de enfermagem com exclusividade para cada paciente.

Quando falamos em UTI Neonatal e Pediátrica, o técnico em enfermagem é responsável por reconhecer, de acordo com a estrutura, organização física, ambiência e manuseio de equipamentos específicos para o atendimento de crianças, sinais e sintomas relacionados ao tratamento e aos cuidados de enfermagem – identificar malformações do recém-nascido e da criança, administrar medicações com dosagens exclusivas para cada criança e tipo de doença, monitorar os sinais vitais e acompanhar crianças que recebem nutrição enteral/parenteral, em ventilação mecânica invasiva e não invasiva.

“Já no atendimento das gestantes de alto risco, cabe ao técnico em enfermagem dar suporte para o alívio das dores do trabalho de parto, com massagens específicas, identificar alterações hemodinâmicas, sangramentos, e participar das atividades durante as intercorrências junto à equipe multiprofissional sob supervisão direta do enfermeiro”, conta Eliana.

Curso de UTI para Técnico de Enfermagem

Com o objetivo de qualificar e atualizar o profissional para promover uma assistência de enfermagem com qualidade nas UTIs, o HCX Fmusp oferece a Especialização Profissional Técnica em Enfermagem em Terapia Intensiva.

Dentro de sua programação, há uma parte do programa voltada para Ética e Bioética com a missão de conscientizar e proporcionar o desenvolvimento do técnico em enfermagem na UTI, aplicando os princípios das disciplinas em todas as atividades de especialidade.

“Através dessa disciplina na assistência de enfermagem, o técnico especialista em UTI poderá adquirir conhecimentos referentes aos principais dilemas éticos, como aborto, estupro, suicídio, eutanásia, distanásia, ortotanásia, a morte e o morrer, transplante de órgãos, recusa de transfusão de sangue por convicção religiosa ou não”, explica Eliana.

E mais: ao matricular-se no curso, o aluno tem a oportunidade e o privilégio em estagiar no Hospital das Clínicas da FMUSP, maior complexo hospitalar da América Latina, equipado com a mais moderna tecnologia voltada para a assistência, ensino e pesquisa, onde atende pacientes com diferentes tipos de patologias.

“O técnico em enfermagem especialista estará frente a diversos pacientes portadores de doenças raras ou não; portanto, é imprescindível que esse profissional aplique os preceitos éticos e bioéticos nas suas atividades diárias”, diz a enfermeira.

A especialista completa dizendo que, com esse conhecimento tão importante, o técnico em enfermagem intensiva poderá desenvolver suas atividades com responsabilidade profissional e civil nas relações de enfermagem, frente às situações que implicam dilemas éticos/bioética, com segurança, respeito e, com isso, valorizar a vida humana em todo o seu o ciclo.