Manobra de RCP é essencial para salvar vidas

Manobra de RCP em massa na EEP

No centro de São Paulo, uma mulher de 50 anos vai ao chão de forma repentina. Um homem se aproxima e percebe que ela não responde a estímulos e está sem respiração. Ao se deparar com a situação, ele liga para o serviço de emergência e inicia a manobra de ressuscitação cardiorrespiratória. Quando o SAMU chega, encontra a mulher consciente.  A situação, embora hipotética, é bastante comum. Seu desfecho mostra a importância das manobras de RCP. Uma técnica que pode salvar vidas em uma parada cardiorrespiratória

De acordo com a American Heart Association (AHA), órgão responsável pelas Diretrizes para Ressuscitação Cardiopulmonar (RCP) e Atendimento Cardiovascular de Emergência (ACE),  a “parada cardíaca é desencadeada por uma disfunção elétrica no coração que provoca batimentos irregulares (arritmia). Com a atividade de bombeamento prejudicada, o coração não consegue bombear sangue para o cérebro, pulmões e outros órgãos”. A morte ocorre em minutos, caso a vítima não receba atendimento adequado. 

No Brasil, os números de parada cardiorrespiratória (PCR) trazem um alerta e revelam a necessidade da conscientização sobre o assunto. Por dia, são mais de 720 casos no país, segundo a Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (SOCESP). Um total de 262 mil paradas cardíacas no ano.

Como saber se uma pessoa está tendo uma parada cardíaca?

Uma parada cardíaca pode acontecer em qualquer lugar: em casa, no trabalho, durante uma atividade física ou em um momento de descontração. Infarto agudo do miocárdio, arritmia cardíaca, acidentes vasculares, hemorragia, infecção grave, choque elétrico e afogamento estão entre as principais causas. Saber reconhecer uma PCR é o primeiro passo para ajudar uma pessoa nessa condição.

 São 3 os principais sinais para identificar uma parada cardíaca, segundo o Conselho Europeu de Reanimação (European Resuscitation Council, na sigla em inglês): 

1- Responsividadeem casos de PCR, a vítima não responde a estímulos físicos e sonoros. 

2- Respiração –  na parada cardiorrespiratória, a vítima não respira ou tem respiração agônica (ineficaz, com movimentos de curta duração e ruídos, também chamada de Gasping)

3- PulsoNos casos de PCR, o pulso central é ausente (não se consegue palpar o pulso)

Manobra de RCP Passo a Passo

Segundo a American Heart, mais de 61% das paradas cardiorrespiratórias acontecem no ambiente extra-hospitalar, isto é, longe dos hospitais. E a taxa de sobrevivência cai 10% após cada minuto sem socorro. Assim, após identificar a PCR, é preciso saber agir. Se executadas rapidamente e com eficiência, as manobras de RCP aumentam, e muito, a chance de recuperação da vítima.

Veja o passo a passo e entenda o que fazer: 

1 – Verifique se a cena é segura para você e para a vítima

2- Avalie a  responsividade. Coloque uma mão em cada ombro e chame a vítima até três vezes: “senhor, senhor, o senhor está me ouvindo?”

3- Se a vítima não responder, pode ser uma parada cardíaca. Ligue para  o SAMU (192) ou outro serviço de emergência 

4 – Avalie a respiração. Verifique se a pessoa está respirando. Faça isso em no mínimo 5 e no máximo em 10 segundos. Se a vítima apresentar respiração agônica (gasping), considere como ausência de respiração.

5 Ajoelhe-se ao lado da vítima, na altura do ombro dela.  Estique os braços, entrelace os dedos. Coloque o calcanhar da mão no centro do tórax.

6- Faça compressões fortes e rápidas, com uma frequência de 100 a 120 por minuto (cerca de 5 compressões a cada 3 segundos), em uma profundidade  de no mínimo 5 cm.

Importante! Não pare as compressões até a chegada do atendimento profissional, a não ser que a vítima volte a se mexer ou respirar. Se houver ajuda, a cada 200 compressões, troque o socorrista.

RCP Passo a Passo 

“É fundamental que a população reconheça, chame socorro e saiba agir. Não espere pelo médico ou qualquer profissional de saúde”, alerta o Dr. Sergio Timerman, cardiologista do InCor e diretor do Centro de Treinamento em Emergências Cardiovasculares e Ressuscitação.

Importância da RCP para profissionais de saúde

Por ser uma emergência de alta gravidade, a parada cardiorrespiratória demanda dos profissionais de saúde conhecimento técnico, científico e diversas habilidades psicomotoras. 

Além de realizar as manobras de RCP com segurança, deve saber manusear corretamente o DEA (Desfibrilador Externo Automático). Seja no ambiente extra-hospitalar ou dentro dos hospitais, o profissional será responsável pelo atendimento de qualidade à vítima.

“No ambiente hospitalar, não é incomum o profissional de saúde participar de um atendimento de parada cardiorrespiratória. Assim, é de suma importância que ele saiba como identificar a parada e iniciar as compressões e ventilações de alta qualidade”, ressalta a enfermeira Thatiane Facholi, coordenadora dos cursos da American Heart Association (AHA) no Hospital das Clínicas.

Como pólo de referência no ensino em saúde, o HCX conta com um centro de simulação realística, onde o aluno aprende na prática a atuar com eficiência em emergências cardiológicas. Os cursos contemplam desde o atendimento inicial, como Primeiros Socorros com RCP e Suporte Básico de Vida (BLS), até intervenções de alta complexidade, como Suporte Avançado de Vida em Cardiologia (ACLS) e Suporte Avançado de Vida em Pediatria (PALS). 

Seja profissional de saúde ou leigo, o conhecimento da manobra de RCP é essencial diante de uma emergência cardiorrespiratória.